Rugas de Sorrisos

O Sr. A tem asas e permite ao Rugas de Sorrisos voar…

Anjos sem Asas

"...este Sr. A de quem vos falo, durante a vida que recomeçou depois do acidente, fez dos braços as pernas ..."

Hoje vou falar-vos do Sr. A

Não quer partilhar a identidade mas podemos partilhar um bocadinho da sua história, que é também de todos aqueles que são o seu pilar e estão na sua retaguarda dando-lhe um apoio incondicional.

O Sr. A sofreu um acidente de trabalho quando tinha 23 anos, com o acidente foi-se a liberdade e os sonhos.

Hoje com 72 anos continua a ter uma força, coragem e determinação que se destaca.

Fala com muito amor da mãe e tem  orgulho da educação que lhe deram.

É o filho do meio de mais dois irmãos. O mais velho já faleceu e a mais nova é quem lhe vale agora.

Diz que foram criados com muito brio… andavam sempre limpos e nunca lhes faltou pão.

Andou na 4ª classe até aos 14 anos e foi à Meda fazê-la … “Naquela altura não era como agora, havia muitos garotos e era uma professora para todos…” relembra a sorrir.

Havia garotos que os pais os ensinavam, mas ele não tinha essa sorte. A mãe não sabia e o pai sabia fazer o nome e pouco mais.

– Mas se precisassem ir a algum lado, resolver alguma coisa, ninguém se metia na frente deles, eram muito desenrascados e orientavam-se sempre – Diz com um brilho de orgulho nos olhos.

Também me diz que os ajudava na agricultura e no que fosse preciso. Foi habituado a fazer sempre o que lhe mandavam e nunca lhe bateram.

Foi para França em véspera de fazer 18 anos. Pagou cinco contos! Relembra a sorrir… E cinco contos na altura era muito dinheiro e tiveram de os pedir, que os pais não o tinham.

– Aprendi a falar francês e também arranho umas palavras em inglês… diz-me ele sempre de sorriso no rosto antes de continuar… – Já me desenrascava bem quando a vida parou. Agora só dou trabalho!

Mas é mentira! O Sr. A é inspiração, determinação e coragem… daqueles seres humanos bonitos de dentro para fora.

O Sr. A atualmente está mais dependente sim, dos seus… que lhe prestam apoio e estão de coração cheio por poderem fazê-lo.

No entanto este Sr. A de quem vos falo, durante a vida que recomeçou depois do acidente, fez dos braços as pernas que deixaram de reagir e  foi agricultor, caçador, nunca se negando a um desafio. Fazia trabalhos manuais em madeira para familiares e amigos e até há bem pouco tempo foi um resistente. Hoje numa fase inicial deste acompanhamento é de coração cheio que partilho convosco um bocadinho deste guerreiro que me encanta com o seu sorriso e maneira de lidar com a vida…

Pensa ele que já cá não anda a fazer nada… e no entanto são exemplos como ele que fazem tanto a realidades como a minha que invertemos prioridades e valores.

O Sr. A tem asas e permite ao Rugas de Sorrisos voar… Obrigada Sr. A e família pela vossa confiança.