Pedi-lhe um sorriso para a fotografia que lhe tirei e por momentos a preocupação abandonou-lhe o rosto.
O senhor dos senhores!
Fui ver o Senhor Zé, com a devida proteção e já com um discurso preparado para justificar a falta de afetos, mas quando cheguei não tive tempo para dizer nada…
Mal encarou comigo perguntou-me o que tinha lá ido fazer. Que ainda tinha comida para o resto da semana e que me estava a expor escusadamente…
Toma lá! Pensei eu a reprimir as lágrimas e a tentar brincar com a situação.
Deixei-lhe ficar o saco mas logo me avisou que não queria lá mais nada até à próxima semana e para fazer o que mandam e ficar em casa.
Eu já não faço falta, mas tu ainda fazes e podes ajudar muita gente como eu. Tens de olhar por ti rapariga e começa a chorar ao mesmo tempo que me diz que ninguém me quer tão bem como ele e me manda embora.
E foi daqueles momentos que me apeteceu dar-lhe um abraço, mas pela primeira vez fiquei pela vontade e não dei.
Pedi-lhe um sorriso para a fotografia que lhe tirei e por momentos a preocupação abandonou-lhe o rosto.
Que Homem bonito o Senhor Zé…
Despedi-me e vim embora. Em 3 anos e pela primeira vez não reclamou que queria que eu estivesse mais tempo… mas reclamou da minha teimosia e desobediência.
É incrível as lições de vida que me dá e se não é a pessoa que mais bem-me-quer, é das que mais bem-me-quer seguramente.
E que aprendizagem e crescimento eu tenho feito com este acompanhamento
Talvez este flagelo, pandemia ou o que lhe queiram chamar não seja um acaso…
Como também não acredito que o Senhor Zé seja um acaso na existência da Rugas de Sorrisos.
Valha-nos a fé, os que amamos e as causas em que acreditamos porque mais do que nunca defendo que é isso que nos distingue e destaca do resto.
Helena Saraiva
Associação de Apoio Social
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