Esta maravilhosa senhora é uma das mais recentes conquistas. Chama-se Filomena, tem 73 anos e mora na Guarda. Sobre a Senhora Filomena, posso dizer muito e irá sempre parecer que ainda não disse tudo.
É verdade… o privilégio deste serviço é ser surpreendida por pessoas apaixonadas pela vida e me fazem delirar todos os dias pelo que faço, ao trabalhar no que gosto e com quem é tão fácil de se gostar.
Esta Senhora faz-me acreditar quando me chama “tratamento”, quando me abraça com o olhar e partilha comigo a sua história com uma energia contagiante que me faz viajar no tempo com ela.
Hoje vou partilhar aqui, uma amostra da sua bagagem e já vão perceber o que eu quero dizer.
Os pais tiveram 8 filhos e deram-lhe educação e formação. Só um dos irmãos é que não estudou porque quis ajudar o pai. Todos os outros foram estudar fora, menos ela e a irmã que sendo mulheres, tiveram de estudar na Guarda e são ambas professoras primárias. Quando relembra a infância é com orgulho e todos os nossos passeios vão dar à aldeia onde viveu os primeiros anos de vida.
Não se imagina a morar lá mas adora ir até lá, olhar para a casa onde cresceu e que agora é de um dos irmãos, fazer uma caminhada, visitar a irmã…
E de todas as vezes que por lá andamos há uma nova memória, seguida de uma partilha deliciosa.
Hoje diz que só quando começamos a perder as forças é que percebemos as forças que tivemos e que precisamos uns dos outros.
Ajudou muita gente e continua a colocar o coração em tudo o que faz.
É uma mulher resolvida e de bem com a vida. Não é de meios termos, ou gosta ou não gosta e é muito fiel às suas convicções e aos seus.
Teve percalços mas nunca permitiu que a dominassem e ainda hoje tem dias que refila com Nossa Senhora, – o que nos rimos quando lhe confessei que eu também o fazia – mas como mulher de fé que é, logo passa… e fé tem muita, o que dá a esperança e a força que doutra forma não sabe se teria em dias menos bons.
Não é de desistir e ainda hoje leva tudo na frente.
Tem uma personalidade forte.
Foi mulher de trabalho e hoje luta por dias com qualidade e detesta a sensação que a solidão lhe provoca, não a tolera e não lhe dá espaço.
Adora piropos, é vaidosa e mimada. E diz que a maior bênção é a alegria de viver que a sua retaguarda lhe permite manter.
Sim tem um marido e três filhos que não fazem mais por ela porque não podem e isso faz com se sinta a mais feliz das mulheres.
“Todos me estragam com mimos mas a minha mais velha é demais… inverteu os papeis. Cuida de mim como ninguém e faz de mim melhor… sim, sinto-me melhor a cada dia que passa”… diz-me ela num dos nossos passeios, com um daqueles sorrisos maravilhosos de mulher feliz.
“As pessoas desistem fácil e não pode ser assim… A loiça parte, mas cola-se… agora já não se utiliza cola para nada e é uma pena, eu cá tento consertar tudo.”Diz ela ainda a sorrir, enquanto acrescenta, que a perfeição não existe, mas podemos acreditar nela e fazer por ela em vez de lhe virar costas.
E assim criamos dias melhores, a tentar conservar histórias que nos acrescentam valores, sabedoria e amor.
As raízes de alguém, numa mistura do antes e agora que com o acumular de anos se faz automaticamente.
E isto é o que me dá sentido e faz sentir que esta caminhada pela vida vale a pena.
Mais vidas como esta, plenas de amor e fé! Eu quero chegar aos 73 assim!
Muitas Rugas de Sorrisos para todos!
Helena Saraiva
Associação de Apoio Social
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