Rugas de Sorrisos

Mais do que nunca desejo muitas RUGAS DE SORRISOS a todos.

Felicidade em banho maria

De repente eu, que recentemente recebi uma das melhores notícias da minha existência, que foi ver a candidatura feita à Portugal Inovação Social ser aprovada, sinto-me de mãos e pés atados. Sinto-me impotente quando também eu tenho de ficar isolada e abrandar o passo e os sonhos.

Este coronavírus está a provocar-me um coronamente!

E hoje apeteceu falar desta fase que estamos a atravessar e nos corrói a todos…

Parece que de repente somos todos protagonistas de um filme. Sim, de repente não estamos a estudar a primeira ou a segunda guerra mundial, nem epidemias que acompanhamos em livros ou foram narradas pelos avós. Esta estamos todos a vivê-la na primeira pessoa e veio a sério.

Cai a ficha quando vemos o número de mortes a aumentar e vemos gráficos em que está bem saliente que se não fizermos cuidado tem de haver uma escolha entre quem vive e quem morre…

Como se alguém tivesse direito de fazer essa escolha por nós, ou como se as pessoas que têm de a fazer a quisessem.

Este fardo é pesado para todos.

Para os que saem de casa e para os que ficam.

Para os que têm tempo a mais e os que não têm tempo nenhum.

Para os que acreditam em tudo o que leem e ouvem e para os que não querem saber.

Não estamos preparados para realidades de filmes… como podemos estar, não é?

Nesta receita que o universo nos impôs não há q.b. que nos valha a não ser uma boa dose de fé e que essa fé nos ajude a aguentar a espera e a valorizar o que o nosso dia-a-dia nos reserva.

De repente eu, que recentemente recebi uma das melhores notícias da minha existência, que foi ver a candidatura feita à Portugal Inovação Social ser aprovada, sinto-me de mãos e pés atados.

Sinto-me impotente quando também eu (que através da Rugas de Sorrisos combato o isolamento) tenho de ficar isolada e abrandar o passo e os sonhos.

Dou comigo a lavar as mãos mais vezes numa manhã do que numa semana inteira… é o que levo mais a sério de todas as medidas implementadas, para além de ficar por casa.

Dou comigo a pedir pelos meus e dou comigo a pedir pelos que de meus não têm nada…

Quando a vida nos vira das avessas parece que a única coisa que conta é ficarmos bem (ranhosisses à parte) e… todos.

Sabemos que esta viagem termina mas todos idealizamos terminá-la o mais tarde possível e de bem com o mundo, não assim.

Parece que nos ceifa o relógio do tempo com a pilha a funcionar.

E espero que consigamos dar-lhe luta e tirar-lhe a pilha, a bateria ou o que lhe dá vida antes que ele dê com a nossa.

Que este pesadelo que nos limita nos desperte para o que realmente importa. Estamos na quaresma, a modos que de quarentena, coincidência ou não a viver uma história de filme. Que sirva para, na nossa velhice, todos fazermos deste pesadelo história (e que saiamos desta história melhores).

Mais do que nunca desejo muitas RUGAS DE SORRISOS a todos.

Helena Saraiva