Entrámos em 2022 de braço dado com a causa que defendemos. Atingimos o objetivo a que nos propusemos em 2021. O protocolo de cooperação com a GNR, novos abraços solidários, uma equipa que se ajusta à nossa causa e 30 utentes.

Foram emoções atrás de emoções. Valeram a pena. Numa tentativa de darmos voz a quem começa a perde-la ou a calá-la, oferecendo-lhes a liberdade de escolha.

Não era isso que devíamos ter todos enquanto a saúde o permitir?

Liberdade para escolher, ser e estar como bem entendermos?

As nossas respostas vão-se adaptando a cada realidade que acompanhamos, individualmente. E vamos criando rotinas ao ritmo de cada um. Que sensação boa esta de proporcionar momentos mais felizes a pessoas que carregam tanto na bagagem. Sonhos, amores, desamores, alegrias, tristezas, medos, desilusões, conquistas, perdas… uma vida e tudo o que isso implica, num presente que chama o passado vezes sem conta.

Sim! Que sortudos somos ao trabalhar num registo que nos permite acompanhar de perto as vidas de pessoas tão bonitas e plenas de história, sabedoria e coragem.

Cada pessoa é única. Mas numa coisa somos todos tão iguais.

Gostamos de nos sentir acarinhados. Sentir que ainda existe alguém que se interessa e quer saber como está a ser o nosso dia, como pode contribuir para que seja melhor. Nos olha, nos sorri e nos abraça.

Ao criar mais valor para eles, temos o privilégio de sentir o retorno. Todos os dias nos ensinam a ver, a ouvir, a cuidar, a sentir e a respeitar mais e melhor a camisola que defendemos e que são eles que vestem. Contribuir para que os seus dias sejam mais coloridos e felizes, é a nossa maior enciclopédia e recompensa. Numa partilha de emoções em que saímos a ganhar.

Defender com tempo e afeto os nossos serviços, tem o efeito mágico de nos transformar em melhores seres humanos e profissionais.

Apercebemo-nos da facilidade com que se ignora o que incomoda e não se encaixa nos supostos moldes. A indiferença com que se trata o que não se compreende, ou o que supostamente não devia ser um modo de vida e não se enquadra nas teorias.

A vida é mais do que teorias.

Aqui, tentamos recuperar os sentidos, ouvindo o coração e as diferenças das realidades que temos em mãos. Como diz o Senhor Zé: “O trabalho da instituição é cuidar dos idosos e fazer o que eles vos pedem… fazer-lhes companhia e trata-los bem, mais nada.”

Nós tentamos corresponder às vontades do Senhor Zé e de todas as vozes que acompanhamos, ouvindo-as, abraçando-as e defendendo-as.

Levamos murros no estômago com alguns estilos de vida? Claro que sim! Não encaixam, no que lhes desejamos, e, no entanto, é-lhes suficiente. Tem de bastar-nos a nós também. Vão-nos abrindo a porta de casa, da vida e do coração.  Gostam da nossa presença. Sabe a vida. Não devíamos todos saber a vida e saborear da vida também?

Sejam mais e melhor. Por eles, por si, por nós, e pelos seus. Menos apatia e mais empatia.

Todos podemos ser Rugas de Sorrisos.

“Sozinhos vamos mais rápido, mas juntos vamos mais longe!”

       Helena Saraiva