Rugas de Sorrisos

Crie uma nova rotina na sua vida! Venha fazer parte dos nossos dias e partilhar afeto connosco!

Adote um avô ou uma avó

Em tempos em que as tecnologias são a palavra chave dos nossos dias, nós deixamos um convite aos nossos jovens: Adotem um avô ou uma avó! Venham partilhar afeto e trocar conhecimentos com aqueles que têm uma bagagem de sabedoria para partilhar convosco também.

Quando pedi ao Hugo este cartaz – e tendo ele já alguns anos de experiência – alertou-me logo para a possibilidade de ferir suscetibilidades. E não se enganou. Estava era longe de imaginar que seria a suscetibilidade de pessoas que admiro, que me conhecem e com quem mantenho contacto fora das redes sociais, do percurso do Rugas de Sorrisos. Numa fase ainda de pandemia em que todos ainda andamos com ajustes e reajustes, aproveitar o suposto trabalho menos bem feito para defenderem os seus interesses, apanhou-me de surpresa, admito.

Eu jamais o faria, principalmente “em público”. Mas essa sou eu. Estou ocupada a tentar fazer mais e melhor, em crescer e em adaptar-me às pessoas idosas, oferecendo a resposta adequada à realidade em que cada uma delas vive.

Esse é o foco do Rugas de Sorrisos. Sempre foi. E vamos tentar que o continue a ser.

Em momento algum esta ação tem como objetivo infantilizar ou maltratar a pessoa idosa.

Dou como exemplo uma senhora maravilhosa que acompanhei durante quase 5 anos. Senhora com uma boa retaguarda familiar. Teve dois filhos; um faleceu ainda bebé e a outra faleceu por doença. Não tinha netos. Vivia com os sobrinhos, que lhe davam afeto e apoio, quando contratou os nossos serviços.

A nossa função era fazer-lhe companhia e fazer pequenas caminhadas. Fui eu que fiz esse serviço. Posso falar da adoção, não baseada em teorias científicas, é um facto, mas na minha humilde experiência.

Essa maravilhosa senhora adotou-me e eu a ela. Não éramos uma da outra. Nem tínhamos sentimento nenhum de posse uma sobre a outra. Não era neta, não era filha, não era irmã, mas em fases diferentes desse acompanhamento que fiz, fui-o para ela.

Dei este exemplo, como podia dar outros. Mas parece-me que este é bastante claro.

Cuidar de alguém requer adaptação. Esta é a palavra chave. A outra que não pode faltar é o direito de escolha. E é isso que tentamos oferecer. A escolha. Tendo uma equipa multidisciplinar, tendo um grupo de jovens pronto a abraçar esta causa e disponível para as pessoas idosas que temos connosco e que o desejem.

Não impomos nada a ninguém, só queremos ter uma resposta diversificada. Não somos os primeiros a implementar esta ideia.  Existem respostas como a nossa ou similares pelo mundo e ainda bem. Quem me dera que existissem mais aqui também. A população está a envelhecer e apesar de se falar sobre o assunto, de se apontar prós e contras ao trabalho que se vai desenvolvendo através de respostas tradicionais e menos tradicionais, quero acreditar que fazemos todos o melhor que podemos. As realidades são variadas e únicas. As teorias não acompanham todas essas realidades.  Seria difícil, não é? Implicaria mais equipas no terreno. Mais trabalho…

 É, temos uma população envelhecida e se cada pessoa tem a sua impressão digital, é muito mais fácil ficarmo-nos pelos números.

Nos gráficos das formações e/ou congressos a que tive o privilégio de assistir vemos Lisboa separada do resto do país e depois vemos a Europa. Imaginem o mesmo tipo de resposta para todas as pessoas idosas deste gráfico? Quem estará a ser ignorado?

Exatamente! Nós! Os que compomos o resto do país e que estamos em maioria. Só este distrito se destaca pelo enorme número de pessoas idosas em situação de vulnerabilidade.

É verdade. Os livros são importantes. Eu quanto mais leio menos sei e mais vontade tenho de ler e reler. Para não perder o foco no que realmente me motiva e me acrescenta valor como ser humano. No entanto e apesar de dedicar muito tempo à leitura e às teorias, dedico mais à prática. Agradeço aos homens da lei. Que também acreditam no mesmo que eu. E nos ajudam a dar um rosto aos números. Só assim saberemos realmente o tipo de serviço que lhe podemos oferecer. Só assim poderemos falar com verdadeiro conhecimento de causa. E queiram adotar o nosso serviço de convívio intergeracional ou não o mais importante vamos dar-lhe e sabem o que é?

Tempo, afeto e direito a escolha.

Façam parte da nossa diferença.

Sejam portadores de tempo e afeto. Sejam rugas de sorrisos nos corações.

Comecemos agora a ser melhores uns com os outros e uns pelos outros.

Mais amor! Por eles e por nós!

 

          Helena Saraiva