Rugas de Sorrisos

preservar a reserva cognitiva desta população e promover o bem-estar no geral

Idade Adulta Avançada

"Neste sentido, inegavelmente a sociedade está a tornar-se envelhecida, sendo premente pensar, por um lado, sobre as problemáticas que surgem nesta faixa etária, nomeadamente na perturbação depressiva uma vez que esta é, nesta idade, um dos quadros clínicos mais frequentes..."

IDADE ADULTA AVANÇADA

O aumento da esperança média de vida e o decréscimo da taxa de mortalidade e de natalidade originou com que o envelhecimento populacional, processo complexo, universal e multidimensional, fosse hoje uma realidade mundial exigindo uma séria reflexão, bem como o desenvolvimento de novas respostas face aos constantes desafios impostos pelos cuidados geriátricos (Fernandes, 2006a; Fernandes, 2008). Este processo, portador de um carácter bio-psico-social no qual dinamicamente interagem várias componentes, prevê um acelerado crescimento, principalmente nos países em desenvolvimento (OMS, 2007, cit. in Fernandes, 2008), acarretando consigo vincadas mudanças na estrutura social, política e económica. Portugal, à luz da evolução mundial encontra-se inserido nesta tendência evolutiva. Com efeito, de acordo com o INE (2009), prevê-se um crescimento exponencial da população idosa, supondo-se que existirão em 2060 no país, três idosos por cada jovem. Assim, de acordo com Schlindwein-Zanini (2010) é considerado idoso, o indivíduo que atinja os sessenta anos, nos países em vias de desenvolvimento e os sessenta e cinco anos nos países desenvolvidos. Neste sentido, inegavelmente a sociedade está a tornar-se envelhecida, sendo premente pensar, por um lado, sobre as problemáticas que surgem nesta faixa etária, nomeadamente na perturbação depressiva uma vez que esta é, nesta idade, um dos quadros clínicos mais frequentes (Blazer et al., 1987; Zarit, 1998, OMS, 2002; Barreto, 2006; Leite et al., 2006; Vaz, 2009) e, por outro, sobre o papel dos cuidadores formais, dos quais depende em grande parte a qualidade da assistência, de forma a se delinearem intervenções cada vez mais adequadas. Efectivamente, o aprofundamento do conhecimento relativo à Depressão Geriátrica torna-se imperioso na medida em que esta provoca uma acentuada incapacidade (Hays et al., 1995), antecede ou agrava outros quadros clínicos (Barreto, 2006; Carvalho & Firmino, 2006) e encontra-se associada ao suicídio em 60 a 80% dos casos (Birrer, 2004; Marques & Ramalheira, 2006;), não sendo muitas vezes diagnosticada, dado que alguns técnicos, erroneamente, assumem que a disforia é normativa do avançar da idade (Barreto, 2006). A par da perturbação depressiva, grande parte dos estudos científicos considera que um número significativo de idosos manifesta deterioração mental progressiva característica da demência (Ribeiro, Guerreiro & Mendonça, 2006; Santana, 2006), acarretando esta síndrome de elevada prevalência (9 % na Europa) quando instalada (Lopes et al., 2006), perda das faculdades mentais e o aumento da necessidade de cuidados, sem no entanto se verificar prejuízo ao nível da consciência. Associados aos défices cognitivos encontram-se os sintomas comportamentais e psicológicos (Vega et al., 2006; Lawlor, 2006), os quais têm vindo a ser considerados pela comunidade científica como fulcrais dado gerarem perturbação no doente e nos prestadores de cuidados (Bottino, Castro & Gomes, 2002). Assim, a análise precoce do processo demencial reveste-se de extrema importância dado permitir melhorar a qualidade de diagnóstico, o qual é bastante complexo (Spar & La Rue, 2005) e poder contribuir para reverter ou atenuar as suas consequências (Hototian, Bottino & Azevedo, 2006; Pereira & Mateos, 2006). Com efeito as alterações demográficas trouxeram consigo o aumento da dependência e a necessidade de cuidados prolongados à população idosa (Azevedo, Loureiro, Pereira & Cunha, 2010). Neste sentido, os cuidados geriátricos no geral e, indubitavelmente, aqueles nos quais os idosos apresentam quadros de demenciação, constituem para os cuidadores, formais e informais, um risco acrescido de morbilidade psicossomática dado o acto de cuidar ser um processo extremamente desgastante (Pereira, & Mateos, 2006; Cruz & Hamdan, 2008; Azevedo et al., 2010). Desta forma se compreende que seja imprescindível a intervenção psicológica ao nível da avaliação e estimulação cognitiva com vista a preservar a reserva cognitiva desta população e promover o bem-estar no geral!

Testemunho de: Tatiana Louro
Psicóloga Clínica
Fundadora e Coordenadora Clínica 5 Sentidos
Especialista e Mestre em Psiquiatria e Saúde Mental

A nossa (e vossa) Psicóloga