...tem esquizofrenia, mas está medicada e agarra-se com fé a cada dia que passa...
Hoje vou falar da Sra. Augusta!
Sendo amiga da filha há mais de 25 anos, já tinha estado na sua casa antes e até almocei e lanchei algumas vezes na casa onde agora entro noutro registo.
A Sra. Augusta tem esquizofrenia, mas está medicada e agarra-se com fé a cada dia que passa. São oportunidades que Deus lhe dá.
Os dias têm de tudo mas tem uma filosofia muito boa que é “Aceitar o que for e o que vier…!” Para o ano que vem não pede muito… “O melhor para todos, em especial para os meus filhinhos e netos.” Diz de lágrima no olho…
No regresso ao passado partilha comigo algumas das suas histórias… e que histórias maravilhosas esta senhora tem!
Ficou viúva cedo e do primeiro casamento ficou com quatro filhos.
Voltou a casar, com um senhor que a ajudou a criar os filhos e com quem teve mais três. Infelizmente um faleceu…mas não se demora muito aí… pode rezar, mas a chorar não o traz de volta.
Conta como trabalhou uma vida inteira, para não lhes faltar com pão na mesa.
Ganhava o dia durante a semana de casa em casa e ao domingo vendia tremoços. Aprendeu com a sogra…
E agora ensinou-me a mim todo o processo.
Quando lhe disse “Isso ainda dá trabalho!”, a resposta foi imediata: “Trabalho? Não dá trabalho nenhum e foi muitas vezes o que não deixou faltar nada em casa. Toda a gente gostava muito dos meus tremoços… vendia-os sempre todos e muitas vezes o dinheiro que fazia ao domingo, dava para a semana toda!” Diz ela de sorriso vaidoso no rosto.
Adora cantar e nas duas horas que passámos juntas, também cantou algumas músicas… ainda tentei acompanhar mas não tenho voz para isso.
O Sr. Zé aproveitou para ir tomar café, mas antes ainda diz que a sua companheira da vida, foi a melhor escolha que fez… “Sim se não fosse ela não tinha o que tenho hoje. Sempre caminhamos na mesma direção. É uma mulher séria, honesta e muito reinadia… ao pé dela até as pedras se riem” e perdem-se no tempo a olhar um para o outro e na riqueza que isso é. Já não se vê muito desta loiça.
Cúmplices e parceiros, vão aceitando as mudanças e adaptando-se a elas de sorriso no rosto e fé no coração. O Sr. Zé ainda não vê com bons olhos esta esquizofrenia que lhes rouba o sossego, a identidade e tanto da mulher que ele ama e continua a cuidar. Às vezes mostra-se triste e cansado mas logo se recompõe e sorri.
E é este casal que tenho o privilégio de vos dar a conhecer… e mesmo sendo suspeita digo-vos: São maravilhosos!
Nada melhor que fazer Rugas de Sorrisos com o coração.
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