"Não há amizade e amor como o nosso não é querido?"
Na reta final de mais um ano, no penúltimo dia de virar a página, viemos partilhar convosco como têm sido as horas que vamos passando com a D. Augusta.
Como perceberam no texto anterior, é uma senhora cheia de garra e histórias que nos deixam de queixo caído, não só pela força, coragem e determinação que coloca em tudo, mas também pela fé e amor que muitas das vezes lhe serviam de bussola.
Esta é uma daquelas histórias de vida que me permite crescer, alargar conhecimento e somar momentos inesquecíveis de afeto e partilha…
Na última visita que lhe fiz (e ainda não fiz muitas) disse-me “Tenho pensado muito em si… sou assim quando gosto”… e que bem me soube esta frase!
Desta vez não demos nenhuma caminhada, o tempo não o permitiu… e também não fizemos nenhum jogo, nem nada do que lhe propus…
“Hoje não!” Disse-me a D. Augusta e é ela que manda.
Conversámos sobre a vida… e ainda bem! Tem histórias deliciosas e partilha-as com orgulho.
“Em chegando a uma idade somos como os bebés…” Diz-me ela mal eu me sento ao seu lado.
Sou obrigada a discordar e digo-lho. Para mim não há frase mais falsa do que esta, nem sei como surgiu tal comparação! Ouve-me e no fim ri-se.
Olha para o marido e diz embevecida que o que lhe vale é ele, que é o seu enfermeiro e toma conta dela.
“Não há amizade e amor como o nosso, não é querido?” Diz a olhar para o parceiro, enquanto relembra a vida que construíram e o que os moveu sempre… o amor pelos filhos!
“Ainda hoje de manhã a conversarmos um com o outro, dissemos que a única coisa que precisamos é o carinho dos filhos, de resto, temos tudo, graças a Deus!” Diz-me ela…
E o Sr. Zé que até aquele momento estava calado, acrescenta: “É uma mulher que sabia governar uma casa, não deixava faltar cá nada! Eu saía de manhã com os empregados para o pinhal (foi madeireiro 40 anos) e ela ocupava-se do resto! Comprámos este terreno e fomos construindo a casa ao dia. Os homens andaram cá um ano e foi ela que os orientou”… diz com orgulho na voz e amor no olhar.
O resto é a D. Augusta que conta…
Eram quatro trabalhadores! E era ela que chegava a água, fazia a massa e ajudava no que podia.
“Era um caldeiro para aqui, massa para além…” Diz ela a relembrar tempos de muito trabalho mas em que ela dava sempre conta do recado.
“Ficava encarregue do pessoal e nunca faltava com nada!” Termina ela.
Nesta última visita também me mostraram o primeiro móvel que compraram…
“Fomos comprando à medida do dinheiro que tinhamos…consoante vendíamos madeira, comprávamos mais uma coisinha e assim se foi preparando uma vida…” Diz-me o Sr. Zé emocionado a olhar para a mulher.
E que vida!
Estão de Parabéns! E eu estou agradecida por me permitirem dar voz a uma história cheia de amor, bondade, alegria e resiliência.
Continuo a afirmar: Já não vemos muito desta loiça!
Até breve!
Associação de Apoio Social
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