Rugas de Sorrisos

O respeito anda de mãos dadas com a liberdade… e o Sr. Zé ensina-me sobre esta parelha de palavras, a toda a hora.

Verdadeiros Tesouros

"A solidão tornou-o nesta pessoa maravilhosa que me permite crescer e dar razão ao meu avô, quando em miúda me dizia que os maiores ensinamentos não vêm nos livros."

Há pessoas muito nossas… O Sr. Zé é uma delas.

Não precisa nem quer nada de especial… a chegar à reta final de mais uma semana, começo o dia a relembrar a forma como o Sr. Zé se despediu de mim ontem.

“ Obrigada por vires, sempre!”

Por muito que me diga que não faço nada de jeito, que não paro tempo nenhum, que me esqueço sempre de qualquer coisa, acrescenta logo que sou quem lhe valho, por quem espera e agradece… muitas vezes de lagrima no olho (que disfarça com o raio da alergia).

Este Sr. Zé agradece-me… mas no fundo quem tem de lhe agradecer sou eu. Por me ensinar diariamente que apesar de não reunir as condições ideais (aos meus olhos e de tantos como eu), não se perde, nem se demora no que aos seus olhos não faz sentido, nem se perde no que não vale a pena para ele.

– Para a semana faz três anos que vens aqui. – Disse-me ele a sorrir da porta enquanto eu tirava as compras do carro.

É verdade… Três anos, que passaram a correr! E eu e as minhas ideias pré definidas do  correto, continuamos sem levar a melhor e ainda bem! Ainda bem que ele me ensina que o melhor para mim, não tem de ser para ele… ainda bem que o Sr. Zé me ensina sobre o que para ele é importante e prioritário.

O respeito anda de mãos dadas com a liberdade… e o Sr. Zé ensina-me sobre esta parelha de palavras, a toda a hora.

Já me habituei a este ar de cowboy que não quer tomar banho nem cortar o cabelo. Já me habituei também a ouvir o radio a pilhas nas alturas… às suas rabugices em dias de chuva e sorriso rasgado em dias de sol.

As forças começam a falhar mas o brilho no olhar não o perde…e é de quem tem bondade e fé no coração… não nos outros… mas na vida.

A solidão tornou-o nesta pessoa maravilhosa que me permite crescer e dar razão ao meu avô, quando em miúda me dizia que os maiores ensinamentos não vêm nos livros.

Obrigada Sr. Zé! Por depois de quase três anos de acompanhamento ainda me deixar a mim de lágrima no olho (o raio da alergia que o ataca a si e se propaga), sorriso rasgado e coração cheio de gratidão.

Obrigada Sr. Zé por me ensinar a ser melhor e a não me demorar no que não me acrescenta.

Helena Saraiva